Mulheres rurais: a força invisível que alimenta a América Latina (e por que está na hora de enxergá-las)

Neste artigo, vamos revelar como 59 milhões de mulheres rurais — camponesas, indígenas, quilombolas, pescadoras e ribeirinhas — sustentam a segurança alimentar do continente, enfrentando desigualdades históricas e invisibilidade. Você vai entender o tamanho do desafio, o impacto de suas conquistas, e por que garantir direitos, terra, crédito e voz para essas mulheres é urgente para o futuro de todos nós.

Neste artigo, você vai aprofundar seu entendimento sobre:

▪️ O rosto invisível de quem alimenta o continente

▪️ O peso da desigualdade: terra, crédito e direitos negados

▪️ Quando a resistência vira transformação: conquistas e exemplos reais

▪️ O poder das políticas públicas (e seus limites)

▪️ O futuro é feminino: por que investir em mulheres rurais é investir em todos

O rosto invisível de quem alimenta o continente

Imagine sentar-se à mesa para uma refeição e não saber quem plantou, colheu e preparou cada alimento. Na América Latina, 59 milhões de mulheres rurais, muitas vezes anônimas, são as mãos por trás de até 80% dos alimentos que chegam à nossa mesa. Elas vivem no campo, nas águas, nas florestas. São camponesas, indígenas, quilombolas, pescadoras e ribeirinhas. Carregam não só ferramentas, mas também a responsabilidade de nutrir famílias, comunidades e cidades inteiras.

Apesar de sua importância, essas mulheres permanecem invisíveis para a maioria da sociedade. O trabalho delas é frequentemente visto como “ajuda” e não como produção essencial. É como se fossem as raízes de uma árvore: sustentam tudo, mas quase nunca aparecem.

O peso da desigualdade: terra, crédito e direitos negados

Por trás dessa força, existe uma dura realidade. As mulheres rurais enfrentam barreiras históricas: têm menos acesso à terra, ao crédito, à assistência técnica e à tomada de decisões. Na América Latina, a maioria dos pobres do campo são mulheres, e a fome atinge mais mulheres do que homens, a diferença de gênero na insegurança alimentar chegou a 9,1 pontos percentuais em 2022.

Além disso, a sobrecarga de trabalho doméstico e de cuidados não remunerados limita ainda mais suas oportunidades de emprego, renda e autonomia. Muitas sequer sabem que têm direito à terra, à educação, à saúde e ao descanso. É como se corressem uma maratona carregando o dobro do peso e ainda assim, não pudessem parar.

Quando a resistência vira transformação: conquistas e exemplos reais

Apesar dos obstáculos, as mulheres rurais seguem firmes. Elas lutam, plantam, colhem e transformam realidades. A campanha #MulheresRurais, iniciada no Brasil e hoje presente em toda a América Latina, deu visibilidade ao trabalho dessas mulheres e ampliou o debate sobre direitos, autonomia e combate à violência.

Exemplos inspiradores se multiplicam: mulheres indígenas que recuperam sementes crioulas e fortalecem a soberania alimentar; quilombolas que organizam cooperativas para comercializar a produção; pescadoras que lideram projetos de manejo sustentável. Cada conquista é uma semente de mudança e mostra que, quando têm oportunidade, as mulheres transformam o campo e a sociedade.

O poder das políticas públicas (e seus limites)

A mudança está em movimento: 279 políticas públicas voltadas para mulheres rurais já foram mapeadas na América Latina. Essas iniciativas promovem acesso à terra, crédito, assistência técnica e combate à violência. Mas ainda há muito a avançar: apenas 26% dessas políticas citam igualdade de gênero como objetivo explícito, e menos de 15% enfrentam normas sociais discriminatórias ou desafios climáticos.

O desafio é garantir que as políticas saiam do papel e cheguem de fato ao campo, respeitando as especificidades de cada território e grupo. O empoderamento das mulheres rurais depende de reformas legais, investimento em tecnologia, fortalecimento da ação coletiva e, principalmente, de escuta ativa e participação real.

O futuro é feminino: por que investir em mulheres rurais é investir em todos

A metáfora é clara: se as mulheres rurais são as raízes da nossa segurança alimentar, fortalecer essas raízes é garantir o futuro de toda a árvore. Promover autonomia econômica para essas mulheres significa garantir direitos, dignidade, terra, crédito e voz. Significa construir um campo mais justo, produtivo e sustentável para todos.

Estudos mostram que, quando as mulheres têm acesso a recursos e poder de decisão, a produção aumenta, a fome diminui e as comunidades prosperam. O futuro do campo e da alimentação de toda a América Latina depende de enxergarmos, ouvirmos e investirmos nessas mulheres.

Conclusão

As mulheres rurais já fazem muito com pouco e precisam de oportunidade, apoio e políticas que realmente cheguem até elas. Se você quer transformar essa realidade, fortalecer a produção, a justiça e a dignidade no campo, chama a Tupã. Vamos juntos construir um futuro onde quem alimenta o continente também tenha voz, vez e direitos garantidos.

Fontes

[1] FAO – As mulheres representam 36% da força de trabalho nos sistemas agroalimentares da América Latina e do Caribe

[2] Cocapec – Mulheres rurais se destacam em diferentes atividades e buscam acesso a direitos



 

 

 

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